Era Londres em 31 de janeiro de 1969. Mas poderia ser hoje. Porque a verdade deste dia dura até hoje ecoando pelo universo. Ficou gravado em filme e música. Foi de verdade. E é só na verdade que mora uma emoção.
Se isso fosse um western spaghetti, o título seria 'Addio, buon compagno'.
Se isso fosse um western spaghetti, o título seria 'Addio, buon compagno'.
Paul McCartney, absorvido por tristeza quando percebeu que os Beatles logo não mais existiriam, compôs "Let it be". A lamentação da separação impregnada no disco está impressa no filme da gravação, sobretudo na documentação dos olhos marejados do sujeito acomodado atrás da barba de resignação; enquanto os vocais de Harrison e Lennon choram com gentileza, desenhando o contorno farewell da canção. George, ainda que anestesiado por ter sido o primeiro a tentar deixar a banda, canta sem demonstrar se sentia a dor dessa ferida aberta. Lennon, pesaroso pela escolha e já acompanhado do seu futuro, trabalhava de olhos baixos e cabeça curvada.
3'00" - "Não haverá mais tristeza, deixa ser, deixa ser". Paul e Lennon já não se olhavam mais nos olhos fazia algum tempo. Trocavam breves palavras, por breves momentos. Às vezes um lapso: esqueciam que aquilo era a cirurgia do fim e tudo parecia como era antes. Mas a verdade estava ali, vestida de preto e com a chave da porta na mão.
À maneira deles, pela única linguagem que ainda unia os dois, eles se despediram.
Era a dor da ruptura transmutada em música.
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“Let It Be” é uma canção dos Beatles composta por Paul McCartney, creditada à dupla Lennon-McCartney, e lançada no Lado A do single Let It Be/You Know My Name (Look Up The Number) de 1970. A canção também é faixa título do último disco, “Let It Be” e do filme de mesmo nome, lançado também em 1970. (Wikipedia)
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