
Logo no início, a história vai num rumo bem interessante. Daniel, Mim e Lucas são três amigos inseparáveis na faixa dos 16 anos, que cursam o último ano colégio na pitoresca cidade de Pedra Grande. Daniel e Mim (que tem esse nome para render dois ou três diálogos jorgefurtadianos) estão namorando, mas ela está dividida porque também gosta de Lucas. Eles passam o dia estudando, andando de bicicleta e passando o tempo na beira de um riacho. Discutem o que vão fazer da vida e pra onde vão morar depois que terminarem o Ensino Médio. Santa Maria, Porto Alegre, Viamão ou Nova Iorque. Esses ritos de passagem, da adolescência pra juventude, da cidade pequena para uma cidade grande, e mesmo do cotidiano simples ao lado dos amigos e da família, para um lugar diferente e longe de todos, já começava a dar um nó na garganta. Mas o roteiro opta por um caminho menos denso e acaba orbitando sobre as cartas do pai desconhecido de Daniel (que é fotógrafo e mora na Tailândia) e o roubo de um notebook na escola com pequenas reviravoltas ao estilo Meu Tio Matou um Cara.
Dizer mais que isso é raclamar de boca cheia. Antes que o Mundo Acabe é mais uma impecável produção da Casa de Cinema de Porto Alegre, com tudo no lugar. A reprodução da Tailândia, feita pela direção de arte, ancorada por uma caprichada fotografia, é excelente. Ao lado de outras duas produções sobre o mesmo universo, em exibição quase simultânea, o longa tem mais apelo comercial que o festivaleiro Os Famosos e os Duendes da Morte e é menos Malhação que o filme da Laís Bodansky. Ao conduzir um filme sobre adolescentes, Ana Luiza se comunica facilmente com essa faixa etária, sem ruídos. Diferentemente de Meu Tio Matou um Cara e Houve uma Vez…, não se trata do olhar de alguém mais velho sobre uma história vivida por adolescentes contemporâneos. Porém, se são do interior ou da cidade, já é outra história. Porque engolir que o Tergolina é piazão do interior, não foi fácil, não.
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